Santo Estêvão: O Diácono que Viu o Céu Aberto
Logo a seguir à alegria do Natal, a liturgia da Igreja veste-se de vermelho. No dia 26 de dezembro, celebramos Santo Estêvão, conhecido como o Protomártir — ou seja, o primeiro cristão a derramar o seu sangue por Jesus.
Mas quem foi este homem? Porque é que a sua morte, narrada com tanto detalhe nos Atos dos Apóstolos (capítulos 6 e 7), é tão central para a nossa fé?
1. Quem foi Estêvão? O Primeiro Diácono
Nos primórdios da Igreja, por volta do ano 34 d.C. (pouco tempo depois da Ressurreição de Jesus), a comunidade cristã crescia rapidamente em Jerusalém. Surgiu então uma necessidade prática: os Apóstolos precisavam de ajuda para a distribuição de alimentos às viúvas e aos mais pobres, para poderem dedicar-se à oração e à pregação.
Foi assim que a comunidade escolheu “sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria”. Estêvão encabeçava esta lista. Ele foi, portanto, o primeiro Diácono, ordenado pelos Apóstolos através da imposição das mãos para o serviço da caridade (diakonia).
2. O Que Fez e Porque Incomodou Tanto?
Estêvão não se limitou ao serviço das mesas. As Escrituras descrevem-no como um homem “cheio de graça e poder”, que realizava grandes milagres e sinais entre o povo.
Ele era um orador dotado de uma sabedoria irresistível. Ao debater na sinagoga com judeus de cultura grega, ninguém conseguia refutar os seus argumentos sobre Jesus ser o Messias.
Incapazes de vencer pela razão, os seus opositores recorreram à calúnia. Acusaram Estêvão de blasfémia contra Moisés e contra o Templo. Foi arrastado perante o Sinédrio (o tribunal religioso), tal como Jesus o fora.
3. O Julgamento e o Martírio
No capítulo 7 dos Atos dos Apóstolos, encontramos o longo e corajoso discurso de Estêvão. Ele reviu toda a história da Salvação, de Abraão até Salomão, para mostrar que os seus acusadores é que estavam a resistir ao Espírito Santo, tal como os seus antepassados tinham feito com os profetas.
Ao ouvirem isto, enfureceram-se. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e teve uma visão extraordinária:
“Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem de pé, à direita de Deus.” (Atos 7, 56)
Esta afirmação selou o seu destino. Foi arrastado para fora da cidade e apedrejado.
4. O Legado do Perdão
O detalhe mais comovente da morte de Estêvão é a sua semelhança com a de Cristo. Enquanto as pedras choviam sobre ele, Estêvão não gritou por vingança. Pelo contrário, caiu de joelhos e clamou:
“Senhor, não lhes atribuas este pecado.”
Entre as testemunhas deste apedrejamento estava um jovem chamado Saulo, que guardava as capas dos assassinos e aprovava a execução. Santo Agostinho diria mais tarde que “se Estêvão não tivesse orado, a Igreja não teria tido Paulo”. A oração de perdão do mártir semeou a conversão do maior missionário da Igreja.
Conclusão
Santo Estêvão ensina-nos que o Natal não é apenas um feriado sentimental, mas a chegada de uma Luz pela qual vale a pena dar a vida. Ele mostra-nos que o verdadeiro cristão serve com caridade, defende a verdade com coragem e, acima de tudo, perdoa os seus inimigos.
Que, a exemplo de Santo Estêvão, saibamos ser testemunhas vivas de Cristo no nosso dia a dia.
Santo Estêvão, rogai por nós!
Resumo dos Factos:
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Nome: Estêvão (do grego Stephanos, que significa “coroa”).
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Título: Protomártir (Primeiro Mártir) e Diácono.
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Ano da morte: Aprox. 34 d.C.
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Local: Jerusalém (Porta de Damasco).
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Festa Litúrgica: 26 de Dezembro.
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Padroeiro: Dos Diáconos, dos pedreiros e dos que sofrem dores de cabeça.
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