O Evangelho deste domingo apresenta João Batista, o precursor de Cristo, numa situação de crise e dúvida enquanto estava na prisão. Ele envia os seus discípulos a perguntar a Jesus: «És Tu Aquele que há de vir ou devemos esperar outro?».
A dúvida de João Batista não era sobre a fé em Deus, mas sim sobre a forma como Jesus estava a cumprir a Sua missão messiânica, que parecia não se coadunar com a expectativa de um Messias que viesse para um julgamento imediato ou para libertar os encarcerados.
Jesus responde indiretamente, pedindo aos discípulos que relatem o que testemunham:
«Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres».
Estas obras são a realização das profecias de Isaías (Primeira Leitura) e a prova de que o Reino de Deus, um reino de salvação e misericórdia, se manifesta em Jesus. O ponto de referência é a pessoa de Cristo e o Seu modo de agir, que cumpre as Escrituras para o bem do povo.
Jesus conclui com uma bem-aventurança especial: «E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Isto serve como um convite cordial a João (e a todos os crentes) para que purifiquem a sua compreensão do Messias, que supera os esquemas e expectativas meramente humanas.
Jesus presta, em seguida, homenagem a João, reconhecendo-o como o maior profeta, o mensageiro prometido para preparar o caminho. No entanto, afirma que o menor no Reino dos Céus é maior do que ele, indicando que a nova era da salvação inaugurada por Cristo ultrapassa a missão do próprio precursor.
Reflexão para os Dias de Hoje
A reflexão para o Terceiro Domingo do Advento, ou Domingo da Alegria (Gaudete), convida-nos a refletir sobre a fé em tempo de crise e a constância na missão.
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Enfrentar a Dúvida e o Escândalo A experiência de João Batista na prisão, ao duvidar se Jesus era de facto o Messias (“És Tu Aquele que há de vir?”), ensina-nos que a crise e a dúvida podem ser um momento salutar para o crescimento espiritual. Somos chamados a reconhecer que Deus é sempre maior do que O imaginamos e o Seu agir supera as nossas expectativas. O convite de Jesus, «Bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo» , é um apelo para não O aprisionarmos nos nossos esquemas humanos. Devemos procurar o Seu verdadeiro rosto na humildade e na misericórdia.
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Constância Alegre na Espera e na Missão A exortação do Apóstolo São Tiago para «Esperai com paciência a vinda do Senhor» sublinha a importância da constância e da fidelidade (stickability) na vida de fé e na missão. Devemos ter a paciência do agricultor que espera o fruto.
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Ser Sinal do Reino Hoje A prova da identidade de Jesus reside nas Suas obras de misericórdia. A nossa missão, como discípulos, é continuar essas obras hoje, manifestando o rosto misericordioso de Deus : dar vista aos cegos (combater o egoísmo), libertar os coxos (superar o que limita), acolher os marginalizados e anunciar a Boa Nova aos pobre
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