O Silêncio Solene: Por Que Não Cantamos o Glória no Advento e na Quaresma?
Queridos irmãos e irmãs,
Muitos de nós já notamos um “silêncio” especial em nossas missas durante dois importantes tempos litúrgicos: o Advento e a Quaresma. Nestes períodos, o majestoso hino do Glória (Gloria in Excelsis Deo) é omitido.
Este não é um esquecimento, mas sim uma escolha litúrgica profunda, um “jejum de louvor” que nos prepara para celebrar a Glória de Deus de forma ainda mais intensa e verdadeira no Natal e na Páscoa.
1. O Glória: Um Canto Exclusivo de Festa 🎉
O hino do Glória é um canto de júbilo e festa que começa com as palavras dos Anjos na Noite de Natal: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados” (cf. Lc 2, 14).
Sendo um hino de alegria plena e de celebração do Mistério Pascal (a Morte e Ressurreição já gloriosa), ele é reservado para:
-
Tempo Comum: Nos domingos (fora do Advento e Quaresma).
-
Festas e Solenidades: Ao longo de todo o ano.
Se cantássemos o Glória em todos os momentos, o seu significado festivo se diluiria. O silêncio litúrgico, portanto, cria uma expectativa e valoriza o hino quando ele é retomado.
2. No Advento: Espera Pelo Nascimento da Glória 🌠
O Advento é um tempo de espera vigilante e preparação para a vinda do Senhor – não só a celebração histórica do seu nascimento, mas também a sua vinda gloriosa no fim dos tempos.
-
Fundamento: Vivemos em um espírito de expectativa e vigilância. O Glória é o canto que introduz a celebração da Glória já manifestada de Cristo.
-
O Retorno Triunfal: Ao omiti-lo, guardamos este Hino dos Anjos para o momento exato em que ele irrompe na história: a Noite Santa de Natal. A sua explosão de alegria na Missa do Galo e na Missa do dia 25 simboliza a chegada da Luz e do Salvador, tornando a celebração muito mais emocionante.
3. Na Quaresma: O Jejum do Louvor pelo Sacrifício 💜
A Quaresma é o tempo litúrgico por excelência de penitência, conversão e reparação. É um período que nos convida a acompanhar Jesus no deserto e na sua Paixão.
-
Fundamento: A Igreja propõe-nos um “jejum litúrgico” que se manifesta não apenas no jejum alimentar e na abstinência, mas também na sobriedade da celebração.
-
O Silêncio de Penitência: A ausência do Glória (e também do Aleluia, que é o canto da Páscoa) enfatiza o nosso caminho de conversão. Estamos focados na Cruz e no sacrifício, a preparar o coração para a alegria máxima da Ressurreição.
Assim como valorizamos a água depois da sede, valorizamos o Glória (e o Aleluia) no Domingo de Páscoa, quando eles ressoam como um grito de vitória sobre o pecado e a morte, marcando o fim da penitência e o início da alegria plena e eterna de Cristo Ressuscitado.
🙏 Conclusão e Convite
O silêncio é, portanto, uma pedagogia divina. Ele ensina-nos a valorizar as festas e a viver intensamente os tempos de espera e conversão.
Que possamos viver o Advento e a Quaresma com o coração atento a este silêncio solene, compreendendo que é ele quem prepara a nossa alma para acolher e entoar o Glória com uma alegria sem igual nos dias santos que virão.
Views: 0