Festa da Dedicação da Basílica de Latrão

Introdução: A Mãe de Todas as Igrejas

No dia 9 de Novembro celebra-se a Festa da Dedicação da Basílica de Latrão, em Roma, a venerada “mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade e do mundo”. Consagrada a 9 de novembro de 324 pelo Papa Silvestre I, com o apoio do imperador Constantino I, esta celebração vai além de recordar um edifício. É a afirmação de que a Igreja – tanto este lugar sagrado como a comunidade dos fiéis – é o espaço onde Deus se faz presente entre nós. É também um lembrete de que cada batizado é chamado a ser “templo de Deus”, pois o Espírito Santo habita em nós.

 

1. O Templo como Fonte de Vida (1ª Leitura: Ezequiel 47,1-2.8-9.12)

A visão de Ezequiel mostra um rio de água viva a brotar do Templo, que fecunda e renova tudo por onde passa. Esta água simboliza a graça salvífica de Deus, o Espírito, a Palavra e os Sacramentos que fluem da Igreja – o novo Templo – para o mundo. A Basílica de Latrão representa esta fonte, um apelo a procurarmos esta água para que as nossas vidas, especialmente nas “áreas áridas” de sofrimento e injustiça, sejam fertilizadas e curadas pela presença divina. Deus quer habitar em nós, quer ser vida abundante.

 

2. Nós Somos Templo do Espírito Santo (2ª Leitura: 1 Coríntios 3,9c-11.16-17)

São Paulo recorda-nos: “Vós sois lavoura de Deus, edifício de Deus… Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. Esta verdade confere-nos uma dignidade imensa e uma responsabilidade: somos “pedras vivas” que edificam a Igreja, com Cristo como fundamento. Se somos templo, devemos viver em santidade, serviço e amor fraterno, permitindo que a vida de Deus se manifeste através de nós.

 

3. O Templo Verdadeiro é Cristo e Nós com Ele (Evangelho: João 2,13-22)

No Evangelho, Jesus purifica o Templo de Jerusalém, indignado com a sua profanação. “Não façais da casa de meu Pai um mercado”, adverte. Este gesto alerta-nos para a profanação que acontece quando o interesse pessoal ou a vaidade ocupam o lugar da adoração e da entrega a Deus no nosso coração.

Jesus revela que o verdadeiro Templo é o Seu próprio Corpo – “Destruí este Templo e em três dias o levantarei”. Nós, pelo Batismo, tornamo-nos membros deste Templo. A celebração de hoje convida-nos, assim, a olhar para dentro: estamos a permitir que Deus habite verdadeiramente no nosso “templo interior”, ou deixamos que interesses mundanos o invadam?

 

Chamada à Conversão e ao Testemunho

Esta festa é um apelo à conversão. Quantas “mercadorias” e distrações impedem a presença plena de Deus no nosso coração? Jesus continua a entrar nos nossos templos pessoais, purificando-nos. Deus quer vida verdadeira, não aparências. Peçamos-Lhe que remova o que O ofende e reacenda o que O glorifica em nós.

A Basílica de Latrão é símbolo da Igreja universal, e a nossa vida, comunidade e paróquia são a sua imagem. Como “moradores” desse templo vivo, somos testemunhas de que Deus está presente, mesmo num mundo de secularização e indiferença. Não podemos ficar passivos; devemos dar testemunho desta certeza.

 

Conclusão

Ao celebrarmos a dedicação da Basílica de Latrão, lembremo-nos que o verdadeiro santuário é o coração humano aberto a Deus. A pergunta que nos fica é: Permitimos que o templo de Deus – em nós e entre nós – seja limpo, iluminado e acolhedor?

Senhor, entra no nosso templo interior, remove o que Te ofende, reacende o que Te glorifica, e faz de nós moradas vivas do Teu amor.

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